domingo, 26 de abril de 2009

Geraldas e Avencas

Catavento e Suely Machado - Diretora do grupo de dança Primeiro Ato e Presidente da Associação Mineira de Dança (Unidança)

Sexta foi dia de encontro e passeio... Depois de um "papo-cabeça" (cheio de sonhos, projetos e novas idéias) regado a um gostoso café, fomos assistir ao espetáculo "Geraldas e Avencas", do Grupo de Dança Primeiro Ato.

Vale muito a pena ver e rever! O trabalho trata sobre a fugacidade do conceito de beleza atual e sobre como as pessoas têm se submetido à mutilação e anulação de si próprios para se enquadrarem nesses parâmetros tão efêmeros do "belo".

Suely Machado, em entrevista ao Estadão (SP), diz: "Queremos instigar uma reflexão sobre esta padronização que estamos vivendo. Mostrar a possibilidade de um outro belo, que pode vir através de marcas e traços pessoais, o que de fato nos diferencia uns dos outros."

Zeca Baleiro foi o responsável pela trilha original e maravilhosa!

Se o grupo aparecer na sua cidade com esse espetáculo, não deixe de ir!

Por aqui, ficamos nós, cheinhas de avencas e sonhos...

Até!


segunda-feira, 20 de abril de 2009

Da estréia pra mim (Carol Gualberto)



Queria palavras bonitas...

Mas o ventaneio veio, "bagunçou" tudo, mexeu no (in)coberto e trouxe novos movimentos, nova dança, novas palavras inventadas...

Restam, portanto, sorrisos, sonhos e saberes de catavento...

A estréia de uma nova estrada, de um novo giro, de uma nova moça...


Carol Gualberto - sobre estréia de Ventaneio no Som do Céu 2009.













quinta-feira, 16 de abril de 2009

Da estréia pra mim (Fabrícia Melo)

Enfim o primeiro filho nasceu! Nossa estréia foi recheada de sucesso e nos deu boas perspectivas sobre o futuro do grupo com outros trabalhos. Foi maravilhoso ver a receptividade e a sensibilidade do público.

Quatro apresentações, quatro corações submersos no palco...

Fabrícia Melo - sobre estréia do Ventaneio no Som do Céu 2009.














quarta-feira, 15 de abril de 2009

Da estréia pra mim (Paula Davis)

Ventaneio.
Ouvir o Vento sussurrar.
Convite pra dançar.
Redemoinho de idéias no ar.
O corpo voa alto e (re)pousa no chão.
E de novo flutua no espaço artecéu do meu coração.


Paula Davis - sobre estréia do Ventaneio no Som do Céu 2009













terça-feira, 14 de abril de 2009

Da estréia pra mim (Camila Almeida)


"O vento que sopra refresca a alma, trazendo um cheiro de terra molhada. Ilumina o corpo que inteiro saltita, piruetas, remexos, estrelas amigas..." (trecho de "Catavento", de Carlinhos Veiga)

O corpo girou feito um Catavento, renovou-se a fé e o sorriso.

Esperança de um novo movimento.

Camila Almeida - sobre estréia do Ventaneio no Som do Céu 2009.














Imagens de Ventaneio...











Fotos de Mari Magno... valeu, Mari!!!


segunda-feira, 13 de abril de 2009

Documento importante

Queridos companheiros de caminhada,
Acabamos de chegar do Som do Céu e temos muita coisa boa pra contar e compartilhar...
Uma das mais importantes é a "Carta do Som do Céu" - um documento produzido durante o evento, fruto de debates que aconteceram nos dias 07 e 08 de abril. Músicos importantes participaram do processo como João Alexandre, Carlinhos Veiga, Jorge Camargo, Nelson Bomilcar, entre muitos outros. A idéia é que essa carta seja divulgada e chegue até a liderança das igrejas.
Leia com carinho e atenção porque o documento não trata só da música, mas da arte de uma forma geral. Vamos lá:

Carta do Som do Céu

Introdução

Nós, músicos, artistas e líderes eclesiásticos, cristãos, vindos das variadas regiões brasileiras, estivemos reunidos entre os dias 6 a 12 de abril de 2009, no Acampamento da Mocidade Para Cristo do Brasil, dias de comemoração dos 25 anos do Som do Céu, para discutir dois temas principais: “A música e os músicos na igreja” e “A igreja como promotora de cultura”. Agradecemos a Deus pelos dias de comunhão fraterna entre nós e pelo privilégio de ouvi-lo entre as vozes pastorais e proféticas que ecoaram em nosso meio. Reconhecemos que a música cristã tem ocupado um espaço significativo em nossos dias, tanto na igreja como na sociedade em geral. No entanto, observamos que nem sempre essa participação tem sido consistente e coerente com a Palavra de Deus – nosso referencial maior – nem rendido glórias ao Senhor da Igreja. Desejamos, portanto, apresentar à Igreja brasileira a “Carta do Som do Céu”, sintetizada em 25 pontos, que resume nossas inquietações e propõe ações práticas à Igreja de Cristo Jesus, nesse princípio de século XXI:

1. O artista cristão deve desenvolver o seu dom criativo e submetê-lo exclusivamente aos valores da Palavra de Deus;
2. Cremos que a arte, na perspectiva da graça comum, é um presente dos céus a toda humanidade e não está restrita aos cristãos;
3. Desejamos que haja coerência entre a vida, o ministério e a profissão do artista cristão, cujo discurso deve estar aliado à sua prática;
4. Esperamos que o artista cristão busque servir a Deus e à sociedade com excelência e integridade, dedicando-se ao desenvolvimento dos talentos e dos dons recebidos do alto;
5. A igreja precisa estar atenta ao artista cristão como parte do rebanho de Deus e dar a ele a atenção devida, despida de preconceitos, e oferecer-lhe pastoreio e discipulado, objetivando a sua formação espiritual e ética;
6. Esperamos que o artista cristão esteja envolvido em uma igreja local, servindo-a e amando-a como Corpo de Cristo. Deve ser rejeitada toda e qualquer tentativa de desenvolvimento de uma fé individualista e distante da comunidade;
7. Reafirmamos que a elaboração de textos e letras deve ter embasamento nos valores da Palavra de Deus;
8. Comprometemo-nos a dedicar atenção e reflexão às canções que são introduzidas no culto de adoração e nas demais atividades da igreja, buscando um repertório equilibrado e consciente e evitando, de todas as formas, que heresias e desvios teológicos adentrem sutilmente em nossas comunidades;
9. As igrejas, as instituições de ensino teológico e os artistas cristãos devem combater o ensinamento equivocado e amplamente difundido de que louvor e adoração restringem-se à musica, ensinando, por demonstração e exemplo, que se trata de um estilo de vida que envolve todas as áreas da nossa existência e que a música, assim como outras formas de arte, é expressão legítima de louvor e adoração;
10. A igreja deve agir como facilitadora na adoração e abrir espaço para que todos expressem seu louvor a Deus;
11. Esperamos que o músico cristão busque e desenvolva a santidade, vivendo uma vida piedosa, tanto no serviço prestado a Deus na igreja, quanto fora dela, em sua atividade profissional;
12. Rejeitamos a dicotomia que faz separação entre o sagrado e o secular e cria espaços estanques na vida do cristão. O Senhor Jesus é soberano e governa todas as instâncias da vida, e, por isso, devemos somente a ele a nossa fidelidade, agradando-o em tudo e rejeitando tão-somente o que ofende a sua glória;
13. A Igreja não se pode esquivar de sua responsabilidade diante da cultura na qual está inserida; deve mentoriar a reflexão e a prática de uma teologia de arte e cultura;
14. Incentivamos as igrejas a abrir suas dependências para a realização de eventos culturais como exposições, mostras, cursos, saraus e outras atividades visando à educação, à divulgação e à aproximação da sociedade;
15. Mesmo entendendo que todo trabalho na igreja é voluntário, podemos honrar com sustento ou remuneração aqueles que se dedicam ao ministério musical, se a comunidade disponibiliza de recursos para tal;
16. Entendemos que nossa arte deve encarnar uma voz profética e manifestar em seu conteúdo os valores do Reino;
17. Recomendamos que as igrejas promovam encontros de reflexão sobre a utilização das artes no Reino de Deus, capacitando os artistas para a realização de seu trabalho;
18. Incentivamos os músicos a expressar em sua arte a beleza de Deus por meio de uma contextualização e diversidade musical;
19. Reconhecemos o caráter essencialmente transformador e questionador da nossa arte e não cremos que ela deva estar a serviço do mercado;
20. Muito embora os artistas cristãos não se devam render aos senhores da mídia, tornando-se reféns desta, podem utilizar de maneira ética os meios de comunicação como canal para a divulgação de sua arte, proclamando, assim, o Reino de Deus;
21. No que se refere ao relacionamento entre os músicos e a liderança eclesiástica, encorajamos o diálogo, o respeito e o reconhecimento mútuo de seus ministérios como algo dado por Deus;
22. Incentivamos que os artistas cristãos busquem perante o Estado e a iniciativa privada recursos para a promoção de sua arte por meio de leis de incentivo à cultura, editais para financiamento de projetos culturais etc.
23. Encorajamos as igrejas a investir na educação e na formação de artistas;
24. Propomos que as igrejas e as instituições de ensino teológico incentivem as diversas manifestações artísticas e não somente a área musical;
25. Compreendemos que o ofício de artista é legítimo como tantos outros, podendo ser exercido pelo artista cristão no mercado de trabalho e devendo ser apoiado e incentivado pelas comunidades cristãs.

São Sebastião das Águas Claras, 09 de abril de 2009.

Assinam:

Debatedores:
Aristeu de Oliveira Pires Junior – Canela (RS)
Carlinhos Veiga – Brasília (DF)
Denise Bahiense – Rio de Janeiro (RJ)
Erlon de Oliveira – Belo Horizonte (MG)
Gladir Cabral – Florianópolis (SC)
João Alexandre Silveira – Campinas (SP)
Jorge Camargo – São Paulo (SP)
Jorge Redher – São Paulo (SP)
Marcos André Fernandes – Garanhuns (PE)
Marlene F. Vasques – Goiânia (GO)
Nelson Marialva Bomilcar – São Paulo (SP)
Paulo César da Silva – São José dos Campos (SP)
Romero Fonseca – Goiânia (GO)
Rubão Rodrigues Lima – Brasília (DF)
Sérgio Paulo de Andrade Pereira – Ribeirão Preto (SP)
Wesley Vasques – Goiânia (GO)

sábado, 4 de abril de 2009

Novidade




Pois é, pessoal!!!!
Essas aí são as artes das nossas camisetas. Feitas com muito carinho e com a idéia de ter mais gente abrançando esse novo movimento...
Nos próximos posts, a gente coloca fotos dos amigos vestindo as camisetas pra vocês conhecerem mais.
Por enquanto, se você quiser adquirir uma camiseta (p, m ou g) ou babylook (p, m ou g), é só entrar em contato com a gente pelo cataventodp@gmail.com
São duas opções de cores: preta e branca. O valor é R$ 18,00 + correio (se você não é de BH).
Então, amigos, vistam essa causa, colaborem com nossa caminhada e façam parte desse movimento...
Por um movimento novo!!! Vamos nessa???
Até a próxima,
Catavento.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Então, vamos à estréia!!!


Foto de Camilo Queiroz

A estréia do "Ventaneio" já está chegando. Como já dissemos antes, será no espaço ArteCéu, durante o evento musical Som do Céu que acontecerá no Acampamento MPC, em Macacos/MG.

Sabemos que o local é um pouquinho longe para alguns, mas, se ainda assim quiserem estar por lá, veja o mapa de como chegar no Acampamento MPC no site http://www.mpc.org.br/

As apresentações serão nos dias 10 e 11 (sexta e sábado). Serão duas sessões em cada dia: uma às 14h45 e a outra às 15h30.

Para ter acesso ao Som do Céu, o valor por pessoa a ser pago é R$ 20,00 por período (manhã, tarde e noite). Se você quiser passar o dia e curtir tudo que vai rolar por lá, chegando às 8h e saindo pra lá de meia-noite (rsss....), vc pagará o valor total de R$ 60,00.

Qualquer outra dúvida, acesse http://www.somdoceu2009.blogspot.com/ ou ligue para 31-3492-1001.

No mais, torçam por nós! Até!
Catavento.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Valeu, pessoal!!!


Amigos e parceiros,

no último sábado rolou o ensaio aberto do nosso trabalho "Ventaneio". Um momento especialíssimo que não poderia deixar de ser registrado aqui.

Um público de umas 30 pessoas, todas queridas e amigas e uma tarde chuvosa em BH. Esse foi o cenário que abraçou o nosso ensaio. Muitas idéias novas, trocas, impressões, sugestões e alegrias!

Agradecemos de coração a todos que se aventuraram a participar desse processo com a gente.

Juninho, obrigada pela operação de som! E além do maridão da Carol que nos ajudou com o som, agradecemos também a todos os nossos familiares que tanto nos deram força!

Agradecemos ainda à III Igreja por nos acolher.

Um obrigada muitíssimo especial aos amigos fiéis e cheios de fé na gente!

No final do ensaio, suquinhos, cataventos, papos e a certeza de que estamos no caminho certo!

Que venha a estréia! Bjo pra todos,

Catavento.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Ensaio Aberto

Convidamos todos vocês* para o ensaio aberto do trabalho

Dia 28 de março (sábado)
16h
R. Uberlândia, 620, Carlos Prates (III Igreja Presbiteriana)
Será um momento muito bacana quando poderemos trocar idéias e bater um bom papo!
Então, esperamos vocês lá!
*Por favor, confirme sua presença pelo email cataventodp@gmail.com (até o dia 26 de março)

terça-feira, 10 de março de 2009

Do caminho até a estréia

Foto de Camilo Queiroz
Olá pessoal,

Como alguns já sabem, o catavento já tem a estréia "oficial" do seu trabalho marcada: 10 e 11 de abril, durante a 25º edição do Som do Céu - evento artístico e musical que promete esse ano (às 15h nos dois dias).

Até lá, muito trabalho e correria. Temos tentado aproveitar ao máximo nossos encontros e ensaios.

Deus tem feito muita coisa bacana desde o início do grupo (acabei de pensar que seria legal contar a história de como tudo começou... aguardem). Uma das tantas especiais tem sido nossos encontros com a Dani Lopes. A Dani tem sido nossa professora; aulas tão gostosas e bem feitas! Bom demais da conta! Valeu, viu, Dani?

Seguindo na caminhada até o palco, a gente já agendou um ensaio aberto, dia 28 de março (sábado), às 16h. Quem quiser conferir, fique ligado que vamos colocando mais detalhes aqui no blog. Sintam-se convidados, todos vocês!

Quanto ao Som do Céu, quem quiser ter mais informações é só acessar o blog do evento http://www.somdoceu2009.blogspot.com/

Vamos nessa... um beijo grande, Carol.





quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Trechos de Dudude



“A dança contemporânea caminha pelo viés do corpo, do movimento orgânico não convencionado, dando à vida cotidiana, ao seu gesto mínimo, uma dimensão artística provinda da sensibilização do olhar e de um processo de conhecimento e conscientização do próprio corpo.”

“Para dançar, é preciso estudar o mundo e estar disposto a perder o corpo, para reencontrá-lo liberto em sua potência de expressão. É preciso andar pelas linhas de fuga, reconhecendo que as coisas são cíclicas e estão em movimento. A arte é mutável, hoje eu tenho esse corpo, amanhã será outro.”

"A arte representa uma mudança de espaço - os sentidos dilatam, vem o invisível. A experiência do tempo se modifica. Dessa forma, a função do artista é mudar o estado das coisas, fazer uma pedra virar um coração.”

“O corpo é como a areia. A mente é como o vento. Para reconhecer o percurso da mente, é preciso reconstituir seu desenho movente na areia dos corpos.”



*Dudude Herrmann trabalhou em inúmeros espetáculos como coreógrafa e bailarina. Coreografou e deu aulas na Companhia de Dança de Minas Gerais e no 1° Ato Grupo de Dança. Em 1992, criou a Companhia Dudude Herrmann - hoje chamada Benvinda Cia de Dança. De lá pra cá, foram diversos espetáculos e uma trajetória marcada por prêmios. Seus últimos trabalhos são “O Armário” (1999), “Barrocando” (2000) e “4 Solos para 3 Intérpretes” (2002). Por dez anos coordenou a área de dança do Festival de Inverno da UFMG e já completa vinte e cinco anos de trabalhos como professora. Hoje, promove em seu estúdio incontáveis eventos, cursos e encontros e continua a refinar a pesquisa da consciência corporal.
http://www.dududeherrmann.art.br/

[Retirado de texto publicado em periódico da Fundação de Educação Artística (nº2) – Perfil, 08 de novembro de 2002].

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009



“Tudo que mexe com o corpo é positivo, sem exageros, é claro. Só quero apontar o fato de que a dança exige muito mais do que o simples suor. A compensação durante e depois também é infinitamente maior, superior. Nenhuma coreografia é igual à outra, nenhum espetáculo será igual ao outro e assim a gente vive aprendendo, sempre se reciclando. Nem se a gente se esforçasse para fazer os espetáculos rigorosamente iguais, a platéia seria sempre diferente. É aquela mágica relação palco-platéia que dá tanta emoção. (…)Eu pessoalmente não acredito que a pessoa pudesse passar pela vida sem nunca ter dançado. (…)Essa sensação de felicidade, de plenitude, aqueles que não experimentaram a dança não conhecem.” (de ZDENEK HAMPL, trecho do seu livro "Constante Movimento", lançado recentemente)

domingo, 14 de dezembro de 2008

Falando de arte

O texto abaixo fala sobre música, mas fala também sobre arte, sobre dança, sobre o dom sublime e divino do fazer artístico. Vale a pena conferir:

No balanço do samba do avião, lembrando a bossa nova e e música na Igreja Brasileira

por Nelson Bomilcar

Meses atrás, estava visitando a exposição de comemoração do aniversário da bossa nova no Ibirapuera em São Paulo, que foi muito bem feita e se tornou um marco cultural na cidade. São Paulo é cenário de muitos movimentos culturais e artísticos. Impressionante o número de estrangeiros neste evento. Ouvir e ver vários filmes, documentários, depoimentos, contexto social, econômico e político da época, registros de Jobim, João Gilberto, Vinícius de Morais, Johnny Alf, Roberto Menescal, Nara Leão, Carlos Lira Edu Lobo, e tantos outros, trouxe boas lembranças e influências em minha vida e família, bem dentro de nossa casa e de nosso toca-discos. Período de final de ditadura, dos festivais da Record, das orquestrações do Ciro Pereira e do inovador Rogério Duprat. E no pano de fundo, as canções da dupla Lennon e McCartney e as tabelas de Pelé e Coutinho no Santos.

Minhas irmãs Marina e Dora receberam seus nomes de minha mãe, homenageando um dos seus compositores favoritos (Caymmi). Meu irmão Roberto “São José” Bomilcar se tornou um pianista que conhecia, ensinava e tocava tudo da música brasileira nos shows e nas faculdades, além do jazz que tanto ama. Fomos vizinhos dos irmãos Godói: Amilton (Zimbo Trio), Adilson, Amilson, do Hermeto Paschoal, e respiramos as aulas e o ambiente da escola de música CLAM, vendo nossos filhos iniciarem suas trajetórias na música cantando Tom Jobim, Edu Lobo, Ivan Lins e outros. Roberto acompanhou, durante anos, vários intérpretes da música brasileira em trios, quartetos, big-bands e também na Jazz Sinfônica. Ele estava naqueles dias da exposição no Ibirapuera, ao lado no prédio da Bienal, tocando para o público no espaço e programa especial da bossa nova “Piano ao cair da Tarde”, veiculado pela rádio Eldorado.

“Chega de saudade, que nada”, pensava eu, pegando carona no título do livro escrito de Ruy Castro, que veio de fato matar (ou alimentar?) esta saudade; queria mais curtir aqueles momentos mágicos da criatividade presentes em nossa maravilhosa cultura e dos movimentos criativos que brotaram nela e na história de nosso país.

Com 35 no evangelho e no contexto da igreja, tentei com mais alguns músicos, compositores e autores (Wolô, Pimenta, Guilherme Kerr, Aristeu Pires, Edy Chagas, Arthur Mendes, Jorge Camargo, João Alexandre, Edson e Tita Lobo, Carlinhos Veiga, Jorge Rehder, Janires, Josué Rodrigues, Gerson Ortega e tantos outros), contribuir e mudar um pouco do curso, do conteúdo e da sonoridade do que acontecia até então dentro dela.
Este movimento, em muitas décadas,continua fértil e crescente hoje na música de excelente conteúdo de Gladir Cabral, Gerson Borges, Stênio Marcius, Edílson Botelho, Glauber Plaça, Rubão, Vandilson Morais, Wanda Sá, Silvestre Kuhlman, Arlindo Lima, Mário Valadão, o surpreendente e renovador grupo Crombie, Roberto Diamanso, e outros, fora os excelentes músicos, arranjadores e produtores que temos hoje em nosso meio: Ervolini, Marcos Cavalcante, Thiago Pinheiro, Maurício Caruso, Daniel Maia, Wiliams Costa Junior, Marinho Brazil, Erlon Oliveira, Davi Lisboa Neto, Domene, César Elbert, Felipe Figueiredo, Hilquias Alves, Bruno Migotto, Marinho Andreotti, Cláudio Rocha, Marcos Godói, dentre tantos que poderíamos citar.
Mesmo assim, constato que quase sempre acordamos tarde, chegamos depois ou ocupamos os espaços atrasados no tempo, inclusive pela mentalidade fechada, retrógrada e engessada do segmento protestante brasileiro, que excluiu indevidamente - por décadas - as artes e a cultura dos “terrenos sagrados” em que poderíamos ou deveríamos atuar e estar na sociedade.

A profissão e a atuação do artista foram consideradas dignas pelo Deus Triúno e Autor da Criação, como todas as outras, e não foi discriminada. A Arte em si, em sua mais profunda essência e primeira manifestação, acontece junto do movimento criador e criativo (Gênesis) e é anterior a qualquer religião estabelecida na história do homem. Fomos criados para desfrutar dela na companhia do Criador, inspirador e realizador de tudo.

Neste último final de semana, saindo de São Paulo rumo a Fortaleza, um pouco deste movimento na história veio de forma generosa no balanço do avião que peguei. Fizemos escala no Galeão e pude contemplar mais uma vez a Baía da Guanabara, Corcovado, Pão de Açúcar. Estava esperando os que embarcariam no Rio, lendo a revista Cover Guitarra que havia comprado com uma matéria central sobre o trabalho do Maurício Caruso, querido irmão, arranjador e guitarrista que toca comigo na Confraria das Artes.

Estava grato a Deus pelo testemunho e pela presença dele exercendo sua profissão e sendo reconhecido no meio artístico. Sentado em minha poltrona e com emoção, vejo a ”tchurma” ou parte da bossa nova começando a entrar no avião: João Donato, Roberto Menescal, Os Cariocas, Marcos Valle e outros me fizeram desejar compor outro e novo "Samba do avião”, sabendo hoje que o Cristo Redentor vivo, não o da Guanabara, recebeu-me de braços abertos e habita faz 36 anos também no coração do colunista aqui, simples mortal, e que isto me fazia olhar todos ali com outros olhos, mas com a mesma admiração.

Mas, não foram somente eles que entraram neste avião: entraram também quatro personagens (irmãos) conhecidos da mídia evangélica e que fazem a chamada música gospel do segmento de mercado que tem deixado de lado o próprio evangelho, cada um de uma gravadora do meio. Não vi ali a simplicidade e a acessibilidade que encontrei naqueles outros que, com sua música e criatividade, mudaram a sonoridade da música no Brasil e influenciaram o mundo com a bossa. A fauna e a flora ali naquele vôo, e não tinha para onde correr. Não vou citar os do mundo gospel para não pegar carona ou popularizar indevidamente este artigo. Todos os do “gospel” sentaram para trás no avião, dois deles com “seguranças”, e pensei eu com meus botões criticamente... atrás de novo... na história passada, na recente, no avião também... mas em matéria de postura soberba, estavam numa altitude similar ao do vôo... que tristeza.

Fiquei ali na parte do meio do avião, já que tínhamos quase três horas para chegar, puxando papo com um ou outro da bossa nova, ouvindo histórias, e falando um pouco da música popular cristã. Tento deixar um acervo no programa que faço na rádio Transmundial (Sons do Coração). Os da bossa -puxa - gente simples mesmo e atenciosos......como temos que aprender! Já sabia que os mais familiarizados com o evangelho eram João Donato e o próprio Menescal, graças à influência e ao testemunho da excelente violonista e cantora Wanda Sá, contemporânea de bossa, nossa irmã de fé.

O avião pousou e terminara aquela curta, inusitada e inesquecível viagem. Não poderia assistir ao show deles à noite, pois tocaria em outro evento no mesmo horário, falando sobre a “Arte a serviço do reino de Deus” em nossa pequena e tímida história. Porém, rica e emocionante. Simultaneamente na sexta onde falei, estava acontecendo aqui em São Paulo o II Fórum do Cristianismo Criativo, promovido pela W4 Editora, com o tema do livro do Frank Schaeffer: “Viciados em mediocridade?”, com a participação do Jorge Camargo e o Gerson Borges, mediados pelo Pavarini. O Gladir Cabral não poderia vir mais, pela tragédia das chuvas e dos deslizamentos acontecidos em Santa Catarina. Fica para a próxima!

Fiquei feliz por ter este espaço aberto para reflexão, conscientização, ensino, crítica e desafio para os artistas cristãos ocuparem seus espaços, fazendo arte com beleza, expressões culturais diversas e integridade. Não deveríamos ter saído dos espaços culturais, do exercício profissional, para inclusive sermos sal e luz. Estamos retomando e ocupando lugar e presença. Mas com muito atraso! Não sejam, então, nossas sinceras pretensões utópicas. Façamos singelamente o que é possível, com os pães e os peixes de que dispomos, “cada macaco no seu galho”, mas numa mesma floresta e aldeia.

Abri o jornal de sábado de manhã em Fortaleza, depois da quinta e sexta inusitadas e vi anunciado dois shows do Tom Zé marcados para a noite e no domingo também. Fiquei alegre e esperançoso, pois sabia que o Daniel Maia, amigo e companheiro de canções, estava no time deste “ícone” da música brasileira. Ele é o arranjador e guitarrista do Tom hoje. “Ó nóis aqui traveis.....”. Artistas precisam também de orações, encorajamento e acompanhamento onde estiverem.

Estamos marcando presença como bons artistas profissionais e, de quebra, levando a luz de Jesus para brilhar no meio artístico sempre que possível. Nossa ausência não ajuda em nada. É terreno igualmente sagrado a ser ocupado. São sinais de esperança! Nem tudo está perdido! Adoração a Deus é também nossa presença no mundo das artes com excelência . Tem muita coisa boa que vem acontecendo e projetos surgem pela frente!

Bom, agora no bom sentido da expressão, chega de saudade. Desafios novos para fazer no mundo das artes e no mundo contemporâneo. Resgatar e ocupar espaços. Aprender com a história e o conteúdo da cultura e da arte. Novos sons, novos tons, novas telas, novas palavras, novas cores, novos textos, novas peças, novas coreografias, nova estética, novas danças, novas contextualizações, regadas e inspiradas pelo Criador de ontem, hoje e sempre!
texto publicado no www.cristianismocriativo.com.br